Brasília vive onda de violência em meio à “operação tartaruga” da PM. Donos do segundo mais elevado contracheque do país, policiais querem maiores salários. Veja comparação
Policiais Militares do Distrito Federal: operação tartaruga funciona desde outubro. Cidadãos reclamam que não conseguem atendimento ou ele demora
São Paulo – Para pressionar o governo a conceder aumentos salariais, a Polícia Militar do Distrito Federal – que já possui o 2º maior contracheque do Brasil – tem atuado desde outubro de forma mais lenta no atendimento a ocorrências, na chamada “operação tartaruga”, que ganhou força no último mês. No entanto, mesmo que o governo atenda ao pleito de reajuste, de 66%, não há evidências de que isso possa melhorar de alguma forma a vida da população da capital, assolada por uma onda de violência em janeiro.
Leia Mais
- 16/04/2014 | Com greve, lojas e serviços param mais cedo em Salvador
- 16/04/2014 | Governador vê motivação eleitoral na greve da PM na BA
- 16/04/2014 | Greve da polícia adia jogo do Vitória na Copa do Brasil
- 16/04/2014 | Alckmin anuncia ampliação de monitoramento de crimes
É que dizem especialistas e o que mostra a comparação da taxa de assassinatos de cada estado com os vencimentos da categoria (veja tabela abaixo).
Um dos mais altos do país, o salário inicial de um soldado da polícia do DF é de R$ 4.122. Mas em vez de figurar nas últimas colocações quando se trata de violência, o Distrito Federal tem a 9ª maior taxa nacional de homicídios.
Já um coronel da mesma Polícia Militar ganha R$ 16.295, valor que é o 3º mais elevado nacionalmente (veja lista ao final). Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013 e referem-se ao ano de 2012.
Por outro lado, o Rio Grande do Sul – onde o salário para quem começa na carreira não chega a um terço do da capital federal – está entre os 10 menos violentos do Brasil.
En contraponto, o Paraná, na mesma Região Sul, paga o maior contracheque sem conseguir resultados animadores.
Para o especialista em segurança pública e coronel reformado da PM de São Paulo, José Vicente da Silva, as pesquisas mostram que salários muito baixos podem até atrapalhar, mas aumentar o pagamento não ajuda a melhorar a produtividade da polícia.
“Nesses estados que têm salários maiores, DF e Paraná, os índices de violência são três vezes mais elevados que em SP. O problema é gestão da estrutura policial”, defende.
Sem poder fazer greve, a PM da capital almeja ainda com a operação conseguir uma reestruturação de carreira. Policiais alegam que o governador Agnelo Queiroz não cumpriu com a maior parte das promessas que fez em campanha.
Com isso, os cidadãos reclamam que não conseguem atendimento ou ele, quando vem, demora muito. Em janeiro, 73 pessoas perderam a vida no DF, sendo cinco delas em casos de latrocínio (roubos com morte). O número é 38% maior que no mesmo mês do ano passado.
Veja abaixo os salários brutos, com gratificações, de soldados da PM de todo o país. Já a tabela seguinte mostra os vencimentos para a patente de coronel.
Posição | Estado | Salário de SOLDADO (em R$) | Taxa de homicídios dolosos (por 100 mil/habitantes) | Posição do estado em assassinatos |
---|---|---|---|---|
1º | Paraná | 4.838,98 | 29,6 | 10º mais violento |
2º | Distrito Federal | 4.122,05 | 29,7 | 9º mais violento |
3º | Santa Catarina | 3.806,63 | 11,3 | 26º mais violento |
4º | Goiás | 3.276,58 | 21,1 | 18º mais violento |
5º | Rondônia | 3.109,00 | 25,2 | 14º mais violento |
6º | São Paulo | 3.023,29 | 11,5 | 25º mais violento |
7º | Sergipe | 2.705,78 | 38 | 6º mais violento |
8º | Ceará | 2.638,61 | 40,6 | 3º mais violento |
9º | Bahia | 2.637,20 | 38,5 | 5º mais violento |
10º | Acre | 2.571,42 | 22,8 | 16º mais violento |
11º | Espírito Santo | 2.530,74 | 27,5 | 13º mais violento |
12º | Maranhão | 2.527,06 | 21,7 | 17º mais violento |
13º | Roraima | 2.520,69 | 13,2 | 24º mais violento |
14º | Minas Gerais | 2.515,41 | 19,8 | 20º mais violento |
15º | Amapá | 2.498,07 | 9,9 | 27º mais violento |
16º | Pernambuco | 2.461,70 | 34,3 | 7º mais violento |
17º | Alagoas | 2.446,07 | 58,2 | 1º mais violento |
18º | Rio de Janeiro | 2.284,93 | 23,5 | 15º mais violento |
19º | Pará | 2.253,20 | 42,2 | 2º mais violento |
20º | Mato Grosso do Sul | 2.200,00 | 14,9 | 23º mais violento |
21º | Mato Grosso | 2.151,62 | 29,9 | 8º mais violento |
22º | Amazonas | 2.128,90 | 28,2 | 12º mais violento |
23º | Paraíba | 2.031,19 | 38,7 | 4º mais violento |
24º | Piauí | 1.926,00 | 15,2 | 22º mais violento |
25º | Rio Grande do Sul | 1.375,71 | 18,4 | 21º mais violento |
Rio Grande do Norte* | ... | 29,6 | 10º mais violento | |
Tocantins* | ... | 20,9 | 19º mais violento |
* Não repassou os dados ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Comentários (2)
Para deixar um comentário você precisa se identificar. Escolha um dos tipos de identificação abaixo:
Termos de uso | Comentários sujeitos a moderação
glaucio marcelo savulski
Já fui servidor público. Não tem ambiente pior que o serviço público. A baixa produtividade tem relação com a rotina, com fato da estabilidade. Isso leva numa busca em compensações: Como por exemplo: se eu for mais remunerado, eu me motivo. É isso.
03.02.2014 |
Osias Amorim Maciel
Sem dizer que eles são responsáveis pela maioria de mortes de acontece no DF. Tem uma remuneração boa, mas é totalmente despreparada. Agora me diz, o que fazer?!
03.02.2014 |